sexta-feira, 23 de janeiro de 2009

livraria da travessa


Alguém escreveu que os melhores guias de viagens ainda são os livros. Tomei a indicação como um conselho para a vida. As minhas viagens não obedecem as instruções, quanto muito a algumas sugestões, onde se come bem, por exemplo. Em Madrid, entre jornais e revistas, li as "dicas" de uma daquelas aristocratas giras que aparecem na Hola, no restaurante cubano que ela recomendava comi o melhor pudim flan da minha vida, depois de um farto prato de moros y cristianos. Mas passemos à Travessa, a livraria, no Rio de Janeiro. Começo pela que fica na Visconde de Pirajá. Em Lisboa, pediram para tentar encontrar e trazer a Liberdade de Imprensa, do Marx. Encontrei e trouxe e isso também foi o pretexto para uma conversa com o empregado da livraria que me falou dos livros de Miguel Sousa Tavares e José Luís Peixoto, vendem bem no Brasil, ao que parece, de José Saramago, estava a ler A Viagem do Elefante e que estava a gostar muito. Confesso que me senti culpada, uma estupidez, eu sei, mas de repente era como se estivesse em falta porque não li o livro. Tentei dar a volta à situação (mas qual situação?) e lá lhe disse que um dos meus escritores preferidos era um brasileiro, nessa altura ele respondeu-me que o dele era um português, o Lobo Antunes, e durante uns bons cinco minutos - mais do que o suficiente, explicou-me porquê. Sem se aperceber, aquele homem só me dava socos no estômago. Ele sabia dos livros. Falava com paixão e entusiasmo dos autores. Passou-me pela cabeça que dificilmente encontraria, em Lisboa, um empregado de uma livraria como aquele (também já me falaram do Pedro Vieira, mas não o conheço). Fui ainda a outras lojas da Livraria da Travessa, no Shopping Leblon e na Travessa do Ouvidor, no Centro, e em todas elas encontrei empregados atentos, disponíveis e que sabem falar de livros e de escritores.

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